
A síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e mental devido ao ambiente profissional, foi oficialmente reconhecida como doença ocupacional no Brasil pela Classificação Internacional de Doenças (CID). A medida, confirmada pelo órgão nesta segunda-feira (6), permitirá que trabalhadores brasileiros sejam diagnosticados com o código QD85, ampliando a transparência e o tratamento da condição, que já havia sido classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022.
A inclusão na CID ocorre em meio a um aumento alarmante de afastamentos relacionados à saúde mental no país. Segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), os transtornos mentais são responsáveis por 38% de todas as licenças concedidas. Apenas em 2023, os afastamentos por Burnout cresceram 1.000% em comparação a 2014, atingindo 421 casos registrados, contra 41 há nove anos.
Especialistas apontam que fatores como estresse contínuo, pressão por resultados e a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional estão entre os principais desencadeadores da síndrome. “A combinação de um mercado altamente competitivo, economia instável e a ausência de separação clara entre vida pessoal e trabalho tem causado aumento significativo na ansiedade, estresse e Burnout”, explica o doutor Marco Aurélio Bussacarini, especialista em Medicina Ocupacional pela USP.
Sintomas e sinais de alerta
Burnout manifesta-se por sintomas como cansaço físico e mental persistente, irritabilidade, desmotivação, dores no corpo, baixa autoestima e pensamentos negativos constantes. De acordo com Bussacarini, essas características podem ser agravadas por condições como assédio moral, falta de reconhecimento e desrespeito no ambiente profissional.
Ele ressalta que a identificação precoce dos sinais é crucial para um tratamento eficaz. “Familiares e amigos devem intervir ao perceberem esses sintomas, incentivando a busca por ajuda profissional”, afirma.
O papel das empresas na saúde mental
O ambiente corporativo é apontado como peça-chave na prevenção e no manejo do Burnout. Empresas que investem em ações como pausas regulares, apoio psicológico e práticas de bem-estar contribuem significativamente para o bem-estar dos colaboradores. Além disso, adaptações que atendam às expectativas das novas gerações, como maior flexibilidade e transparência, também são recomendadas.
“A geração Z, por exemplo, enxerga o trabalho como ferramenta de transformação social, e não apenas uma fonte de renda. Isso exige mudanças nas políticas organizacionais para oferecer suporte emocional, combater a cultura tóxica de produtividade e promover inclusão e diversidade”, destaca o Bussacarini.
Estratégias para prevenção
Entre as medidas sugeridas para melhorar a saúde mental dos colaboradores, destacam-se:
• Treinamento de lideranças para identificar sinais de alerta;
• Implementação de programas de apoio psicológico e assistência ao empregado;
• Promoção de atividades de redução de estresse, como yoga e meditação;
• Estímulo a estilos de vida saudáveis, por meio de desafios e seminários;
• Criação de espaços seguros para discussões abertas sobre saúde mental.
Essas ações, quando aplicadas, não apenas reduzem o impacto do Burnout, mas também promovem um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Como enfatiza Bussacarini, “é essencial que as empresas encarem o cuidado com a saúde mental como prioridade estratégica para o sucesso organizacional”.
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Com informações do Portal Mundo RH