O cinema brasileiro fez história na noite deste domingo (03/03) na 97ª edição do Oscar, em Los Angeles, nos Estados Unidos, ao conquistar, pela primeira vez, a estatueta de Melhor Filme Internacional. “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, superou os concorrentes “A Semente do Fruto Sagrado” (Irã), “Emilia Pérez” (França), “Flow” (Letônia) e “A Garota da Agulha” (Dinamarca), garantindo uma vitória inédita para o Brasil.
Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o filme retrata a luta e a resiliência de Eunice Paiva, mulher que enfrentou a dor e a injustiça após o desaparecimento de seu marido, o engenheiro e deputado federal Rubens Paiva, brutalmente retirado de casa e assassinado pela ditadura militar. Com atuação brilhante de Fernanda Torres, o longa emocionou audiências ao redor do mundo ao resgatar um dos episódios mais sombrios da história brasileira.
Ao receber a estatueta, o diretor do filme, Walter Salles, prestou homenagem a Eunice Paiva. “Uma honra tão grande. Isso vai para uma mulher que teve uma perda tão grande. Esse prêmio vai para ela, Eunice Paiva, e para as mulheres extraordinárias que deram vida a elas, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, declarou o diretor, arrancando aplausos entusiasmados.
A conquista representa um marco para o cinema nacional, não apenas pelo reconhecimento internacional, mas também pelo impacto cultural e histórico que carrega. Ao trazer à tona uma história de luta por justiça e democracia, o filme reforça a importância da memória histórica e do compromisso com os direitos humanos. O reconhecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas coloca o Brasil em um novo patamar no cenário cinematográfico mundial, valorizando o talento e a capacidade da produção audiovisual do país.
O Oscar de “Ainda Estou Aqui” também simboliza uma resposta poderosa aos tempos conturbados da política brasileira, reafirmando a importância de um cinema que dialogue com a história, denuncie injustiças e defenda os valores democráticos.